"...Um desejo jamais inteiramente realizado no ato de amar,
porque mesmo derretendo-se no outro pelo espaço de um
instante, a alma saberia, ainda que não conseguisse
explicar, que seu anseio seria completamente satisfeito."
O Mito dos Andrógenos
Recordava-se. O que acontecera anteriormente? Sucessão de fatos ilógicos sem sentido. Ou seria exatamente o contrário? Bem, não sabia. Recordou-se então.
A visão. A determinação. A dúvida. A confiança. O desconforto. A desenvoltura, a confiança novamente. A aproximação, o contato.
Doses de adrenalina. Um suspense suspenso, sabia que entrara em um labirinto único, e isso duraria sua vida inteira. A descoberta de algo novo. O retumbar das valquírias nórdicas. As expressões artísticas das musas apolíneas em seu corpo. Estava em seu ápice .
O contato. A sensação. Estava completo, tal como o fruto da união de Hermes e Afrodite, desde que estivesse naquele abraço íntimo onde cada parte de seu corpo encontarava um correspondente no outro ser, desdde que estivesse naquele abraço íntimo pelo qual vidas começam e poderiam vir a ser aniquiladas. As falas, ancestrais, repetidas por pessoas desde tempos imemoriais por pessoas imemoriais naquele mesmo instante. A falta da necessidade de promessas. O mundo perfeito, memso que por apenas nanosegundos. A sensação. O prazer. Nunca o sentira daquele modo.
Terminara sua recordação. Olhara para a direita. Estava contemplando sua antípoda, sua representante do lado oposto. E sabia. Sabia, e tinha perfeita consciência disso, que provavelmente seria fogo aquilo, que seria eterno enquanto estivessem juntos mas que, inevitavelmente, apagaria, mas não se importava, pois tinha alguém que conseguia satisfazer aquele antigo desejo de completar o que estava incompleto. Tinha agora sua quintessência. Era corpo e alalma, mente e carne.
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