domingo, 5 de dezembro de 2010

"Desculpas" ou "Sobre as nossas forças"

 Há, em cada um, uma força que nos motiva a sermos vivos. Uma força que apresenta asas, para sua elevação.
 Essa força alada convive com outras ao seu redor, sempre ascendendo. São tão numerosas quanto os humanos e, como tais, brigam, debatem-se e competem para alcançar a melhor posição em seu vôo. Em meio dessa contenda a maioria perde as asas e cai ao solo e, consequentemente, a visão da realidade. Passam a nutrir-se de simples opiniões a partir daí, enquanto suas asas crescem novamente.
 Há ainda outras forças que, para elevar-se mais rápido, utilizam diversos recursos. Puxam seus rivais para baixo em busca de impulso. Alimentam a competição entre as outras para limpar seu caminho. Fazem juras, utilizando-se da inocência alheia, para conseguir apoio. Essas não caem, tampouco ascendem – permanecem estagnadas.
 E existem aquelas que se associam a outras almejando apoio, mas um apoio mutuamentente benéfico, ao contrário do grupo anterior. Quase todas se enquadram aqui. São aquelas que aceitam servir de ânfora, mesmo sabendo que os segredos de suas companheiras poderão deixar-lhes ais pesadas. São as que aceitam servir de apoio, mesmo sabendo que o peso extra poderá momentaneamente impedir-lhes de subir. São aquelas que fogem à regra geral das forças e não entram em conflito com as forças às quais se associam.
 Mas infelizmente esse grupo de forças são as que acabam por ferir mais as asas dos companheiros, por pequenas ações aparentemente sem significado. Ferem por exteriorizar emoções muitas vezes não reais, ou exageradas. Ferem por falas não pensadas para serem ditas. E esses ferimentos acabam sendo mais danosos que as grandes investidas de terceiros.
 O incrível paradoxo é que, sob o efeito dos primeiros fatos citados esse grupo é o que se eleva mais velozmente, enquanto que sob o efeito dos últimos fatos, elas pouco caem, mesmo com as grandes agressões sofridas, devido à sua suma capacidade de reconhecer o arrependimento e sua suma piedade.

 O estranho é que essas forças não sabem o porquê de serem impelidas sempre a ascender. Há as que acreditam que serão, de algum modo, recompensadas por uma entidade superior; há as que crêem que é simplesmente sua obrigação voar, sem ninguém para está-las esperando; há aquelas que têm fé de que obterão o conhecimento de todos os assuntos da humanidade; e há outras, com outras crenças.
 Para finalizar, há ainda os resíduos soltos pelas forças, sendo essas tanto já extintas (mortas) ou ativas. Esses produtos podem acelerar ou retardar o desenvolvimento das asas, caso desenvolvam a cultura ou desenvolva desejos animais e primitivos nas forças, respectivamente. Esses resíduos podem ser escritos, sonoros, visuais, ou manifestações corporais. Cabe a cada força escolher o que irá utilizar e para qual finalidade.
 E agora? E você, em qual tipo de vôo está, quais são seus resíduos e quais são seus motivos para elevar-se? É muito fácil enganar-se.

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